Introdução
A Bíblia é o texto sagrado do Cristianismo. É um conjunto de livros escritos por vários autores sob inspiração divina, durante um período de mais de 1500 anos. Em toda a história da humanidade, não há livro que seja tão profundo como a Bíblia, nem tão amplamente conhecido. De fato, após o desenvolvimento dos meios de comunicação, a Civilização Ocidental, que se se formou a partir das civilizações greco-romana e judaico-cristã, levou a Bíblia a todo o globo. E, praticamente, não há no mundo quem não tenha pelo menos uma noção do que são as Sagradas Escrituras.
Os livros que formam o conjunto da Bíblia se diferenciam muito em termos de temas, estilos literários, tipos de narrativas e de conteúdo. Esses livros contam a história do Povo de Deus e de sua relação com Ele. Dessa forma, parte dos escritos se dedicam aos fatos históricos propriamente ditos, ou seja, à narrativa dos acontecimentos relevantes para esse Povo. Outros livros passam, com linguagem poética e figurada, os valores e a sabedoria dessa sociedade. Outros livros são discursos proféticos, que possuem grande importância para a compreensão da história e dos valores do Povo de Deus.
O Povo de Deus
Constituindo-se da história do Povo escolhido por Deus, com o qual Deus efetivamente fala, uma noção fundamental para a compreensão do contexto em que a Bíblia foi escrita e de seu conteúdo é a de "Povo de Deus". Uma vez que a Bíblia foi produzida para e por um "povo", é importante ter em mente que falamos de uma sociedade específica, com uma determinados traços culturais, valores e tradições em comum, ainda que estes tenham mudado com o passar do tempo.
Podemos afirmar então que o Povo de Deus se formou de um grupo de tribos que remontava a Adão e o filho de Noé, Sem. Não todos os povos semitas, mas queles que tinha em comum seu ancestral Abraão. Os israelitas teriam migrado para o Egito durante um período de fome, na época de Jacó, filho de Isaaque, filho de Abraão. E depois de várias décadas, teriam sido escravizados pelo Faraó, até serem libertados pela intervenção divina, através de Moisés, que teria guiado o Povo de Deus pelo deserto do Sinai até as fronteiras da Terra Prometida, Canaã. As Doze Tribos de Israel compartilhavam então, além de valores culturais e história, da Lei de Moisés, revelada a ele por Deus no Monte Sinai.
Apesar de constituir um Povo, as Doze Tribos conviveram de forma independente na Terra Prometida, enquanto a conquistavam dos povos que ali habitavam. Nesse período, o dos Juízes, houve épocas de crise, em que líderes surgiram nas diferentes tribos para unir as pessoas na fé e combater os inimigos estrangeiros. Foi assim até a escolha, pelas tribos, de um único líder, um Rei, e a construção de um Templo definitivo para ser a Casa do Senhor, em Jerusalém. O Povo de Deus viu três Reis comandarem Israel, até que o reino se dividiu em dois, os quais, depois de várias gerações, foram destruídos por impérios mesopotâmicos e os israelitas levados cativos para a Babilônia. Após o Exíliio, a Tribo de Judá foi libertada pelo Rei Ciro, da Pérsia, e retornou a Israel para reconstruir o Templo.
Então, como podemos ver nos Livros Históricos da Bíblia, os judeus reafirmaram suas raízes ancestrais e se reconstruíram como povo, o Povo de Deus, chagendo a obter a liberdade, até a conquista de Alexandre, o Grande, e depois tornando-se parte do Imperio Romano, na época de Jesus.
Profetas e Sábios
Além das lideranças surgidas para comandar as tribos militarmente, algumas figuras tiveram evidência em Israel, discursando em público, aconselhando, fazendo previsões em que alertavam sobre os desvios da fé em Deus e cobrando os soberanos a postura que um líder do Povo de Deus deveria ter. Essas pessoas, inspiradas por Deus, ficaram conhecidas como os Profetas de Israel. Alguns, como Natan e Elias, são descritos nos Livros Históricos, onde podemos ver como agiam. Outros, como Oséias e Daniel, são mais lembrados pelos escritos que deixaram, que fazem parte dos Livros Proféticos da Bíblia.
No esforço do Povo Judeu em recobrar sua identidade e reforçar suas tradições, os sacerdotes tiveram papel fundamental. Com sua orientação e seu auxílio espiritual, foram reunidas tanto formas de adoração ritual como a sabedoria da tradição em escritos que figuram nos Livros Poéticos (ou sapienciais) da Bíblia.
Assim, exercendo não apenas a função de registro, mas também a de testemunho, a Bíblia narra uma história espiritual e fala sobre a identidade dos judeus como Povo no momento em que surge o Messias do qual as profecias falavam. Essa identidade de um povo, uma nação, foi levada adiante pelos primeiros cristãos e, pelo decorrer da história, diz respeito a todos, nos dias de hoje.
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